25 abril 2021

25 de abril

 A Revolução dos Cravos continua bem presente. Está na voz de políticos e de manifestantes, na televisão, na música , nos jornais. O que a torna tão especial?



Era uma vez um país onde as pessoas não tinham liberdade e onde reinava a proibição. A resposta para quase tudo o que o povo queria era, invariavelmente, um “não»” Os habitantes não podiam escolher qual o partido que queriam que os governasse porque não havia eleições livres; não podiam criticar o sistema em que viviam porque corriam o risco de ir parar à prisão. “Escolher” era um verbo que não estava ao dispor da população.

Se fossem do sexo masculino, os jovens eram obrigados a ir para a tropa e a partir para a guerra num continente distante, onde muitos acabavam por morrer ou ficar feridos. Nas escolas, os rapazes e as raparigas estudavam em turmas separadas e a diferença de géneros era notória.

Às mulheres estava reservado um papel secundário na sociedade. Se quisessem sair do País, por exemplo, tinham de ter uma autorização escrita do marido. Para votar, ao contrário dos homens, não lhes bastava ter 18 anos – tinham de ter o ensino secundário completo (algo raro, porque na altura só era obrigatório estudar até ao quarto ano).


Se já existisse, a internet seria proibida

Tudo o que as pessoas liam, viam ou ouviam era controlado pela censura. A população só tinha acesso aos conteúdos que o Governo queria, para impedir que surgissem ideias de mudança. Reforma, pensões por doença ou invalidez, subsídios de férias e Natal – conceitos que são hoje comuns no nosso dia a dia – faziam parte de um sonho bom. Tal como um rendimento mínimo para as pessoas que não tivessem trabalho ou um sistema de saúde acessível a todos os cidadãos.


As histórias que começam por «Era uma vez» costumam ser inventadas

Esta, porém, foi real e, se perguntares aos teus pais e avós, eles vão saber falar-te nela. Portugal foi realmente um “país de nãos” durante os 48 anos que durou a Ditadura, conhecida por Estado Novo (ou Salazarismo, por causa do nome do seu fundador e líder, António de Oliveira Salazar).
Aos poucos, as pessoas começaram a ficar descontentes com o regime político. Queriam viver em Democracia (uma palavra grega, que significa «governo do povo»).

Chaimite no Largo do Carmo, Baixa de Lisboa. Foto: DR








Texto: Joana Fillol (publicado originalmente na VISÃO Júnior nº 107)

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